Monday, October 24

 
Alguém, no final do século XIX, tem nítida noção daquilo que os poetas de épocas fortes chamavam inspiração? Se não, eu o descreverei. — Havendo o menor resquício de superstição dentro de si, dificilmente se saberia afastar a idéia de ser mera encarnação, mero porta-voz, mero medium de forças poderosíssimas. A noção de revelação, no sentido de que subitamente, com inefável certeza e sutileza, algo se torna visível, audível, algo que comove e transtorna no mais fundo, descreve simplesmente o estado de fato. Ouve-se, não se procura; toma-se, não se pergunta quem dá; um pensamento reluz como relâmpago, com necessidade, sem hesitação na forma — jamais tive opção. (...) A involuntariedade da imagem, do símbolo, é o mais notável; já não se tem noção do que é imagem, do que é símbolo, tudo se oferece como a mais próxima, mais correta, mais simples expressão. (...) Esta é a minha experiência da inspiração; não duvido que seja preciso retroceder milênios para encontrar alguém que me possa dizer: "é também a minha". —
— Nietzsche, Ecce Homo cap. IX §3
 
I remember visiting Marvin at home when he was working on this LP [What's Going On]. He was at the piano, saying, "Smoke, God is writing this album, he's sending me these songs."
Smokey Robinson
 
When we recorded ["Pretty Noose"], I had walked to the studio and my legs were really tired. But to make a long story short, I was trying to get a walking feel on the drum part. So it probably has a little weird shuffle to it probably from that walk that I took to the studio that day.
Matt Cameron

Eu amo Down On The Upside por muitas razões, das quais a composição e a sonoridade não são as menores. Mas acho que o que me faz voltar sempre a esse disco é essa noção forte de ritmo, como se meu coração precisasse reaprender a bater com o bumbo do Cameron.
Também por isso fui obcecado durante um bom ano por The New Romance, outra obra muito rica ritmicamente.

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