Tuesday, May 30

 
Poetry is just the evidence of life. If your life is burning well, poetry is just the ash.
— Leonard Cohen
 
É verdade que, durante a filmagem, Cassavetes hesitou em assassinar o bookmaker chinês? — Por incrível que pareça, é verdade. O filme se chamava The Killing of a Chinese Bookie e no dia em que devíamos matar o bookmaker chinês estávamos jantando. Era um jantar demorado, que parecia não acabar mais. E John me perguntou: "Ben, será que teremos mesmo que matá-lo? Não sei se devemos fazê-lo." Eu respondi: "John, não tenho nada contra este sujeito. É um cara encantador. Por que deverei matá-lo?" John disse: "É verdade. Detesto matar quem quer que seja." Na verdade, ele parecia bastante aborrecido. Passadas umas três horas, Al Ruban, o produtor, apareceu e disse a John: "A equipe está pronta. O que está acontecendo?" E John respondeu: "Que vamos fazer?" E eu disse: "Francamente, não sei." Então ele se levantou e gritou: "Neste caso, vamos matá-lo." E naquela noite o assassinamos.
— Ben Gazzara

Sunday, May 7

 


Tem um plano no Limite do Mário Peixoto que me lembrou dessa foto.

Friday, May 5

 
Eros is acquisitive, egocentric or even selfish; agape is a giving love. Eros is an unconstant, unfaithful love, while agape is unwavering and continues to give despite ingratitude. Eros is a love that responds to the merit or value of its object; while agape creates value in its object as a result of loving it... Finally, eros is an ascending love, the human’s route to God; agape is a descending love, God’s route to humans...
— Alan Soble

Thursday, May 4

 
Em Nossa Música o Godard conta, durante uma palestra, a história de uma camponesa que dizia ter visto a Virgem Maria. Mostram então a ela várias representações artísticas, e a que acaba identificando é justamente uma pintura medieval: Sem profundidade, sem movimento, sem ilusão; o sagrado.

Em outras palavras: o oposto do cinema...
 
Deparei com essa idéia no caminho, e lancei mão das primeiras pobres palavras que me vieram, a fim de prendê-la, para que não fugisse de mim. E agora ela morreu devido a essas palavras secas e tremula, nelas pendurada — e já não sei, quando a observo, como pude ter tanta felicidade ao colher esse pássaro.
— Nietzsche, A gaia ciência §298

Oh, que são vocês afinal, meus pensamentos escritos e pintados! Há pouco tempo ainda eram tão irisados, tão jovens e maldosos, com espinhos e temperos secretos, que me faziam espirrar e rir — e agora? Já se despojaram de sua novidade, e alguns estão prestes, receio, a tornar-se verdades: tão imortal já é seu aspecto, tão pateticamente honrado, tão enfadonho! E alguma vez foi diferente? Que coisas escrevemos e pintamos, nós, mandarins com pincel chinês, eternizadores do que consente em ser escrito, que coisa conseguimos apenas pintar? Oh, somente aquilo que está a ponto de murchar e perder seu aroma! Oh, somente pássaros que se fatigaram e extraviaram no vôo, e agora se deixam apanhar com a mão — com a nossa mão! Eternizamos o que já não pode viver e voar muito tempo, somente coisas gastas e exaustas! Apenas para sua tarde eu tenho cores, meus pensamentos escritos e pintados, muitas cores talvez, várias delicadezas multicores, e cinquenta amarelos e vermelhos e marrons e verdes: — mas com isso ninguém adivinhará como eram vocês em sua manhã, vocês, imprevistas centelhas e prodígios de minha solidão, vocês, velhos e amados — maus pensamentos!
Além do bem e do mal §296
 
Se eu tivesse um daqueles óculos que escondem uma minúscula câmera de vídeo, eu sairía por aí lançando olhares às damas e registrando suas reações...

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