Sunday, August 7
Na TV americana, uma propaganda propõe que os pais submetam seus filhos adolescentes a um detector de mentiras, por preços módicos. Método grotesco, mas que encerra um sintoma. A geração dos desajustados, à moda de James Dean, e a dos revoltados de 1968 tinham algo em comum: expunham, publicamente, por atitudes ou proclamações, seus conflitos com a sociedade. Os jovens do ano 2000, ao contrário, isolam-se com fones de ouvido ou diante dos computadores e acreditam num comportamento dissimulado. Como atores, representam diante dos pais ou na escola, um mínimo, para serem deixados em paz. Formam fraternidades cúmplices e silenciosas. Desistiram de contrariar o resto do mundo, sentido como hipócrita e falso. A presença da droga, real, mas pretensamente condenada, reforça a dissimulação e acentua a hipocrisia; afinal, o presidente tragou ou não? O massacre do Colorado deixou as famílias perplexas, pois os autores eram, em aparência, bons garotos. Mas, por um outro viés, já que estes nossos tempos merecem tal dissimulação, quem sabe estes jovens de agora, desacorçoados com as imposturas de hoje, consigam criar um futuro feito de relações mais verdadeiras.
— Jorge Coli
Traditionally humankind has sought the answer to Aristotle's question from the four wisdoms — philosophy, science, religion, art — taking insight from each to bolt together a livable meaning. But today who reads Hegel or Kant without an exam to pass? Science, once the great explicator, garbles life with complexity and perplexity. Who can listen without cynicism to economists, sociologists, politicians? Religion, for many, has become an empty ritual that masks hypocrisy. As our faith in traditional ideologies diminishes, we turn to the source we still believe in: the art of story.
— Robert McKee, Story
How could anyone except a melancholic criminal speak to us in the name of the good (King of New York; 1990)? Who but a paranoid cop could make us believe for a second in the virtues of forgiveness (Bad Lieutenant; 1992)? Who today could bear to listen to a moral lesson if it was not acted out by a drug-addicted, leprous vampire (The Addiction; 1995)? Who could interest us, even for a moment, in the tired old questions of the family unit or the individual? Who could continue to arouse in us a desperate faith in sacrifice and love, unless they were almost autistic, completely crazed, haunted figures within films that cultivate advanced arguments concerning the need to destroy all filmic forms?
— Nicole Brenez, Abel Ferrara